Por Pedro Badra*
Existe um marco divisório entre ‘planilha de orçamento’ e ‘informações orçamentárias’ e ele é a utilização da tecnologia BIM (sigla em inglês para Building Information Modeling), com a informatização de custo e preços.
Até então era comum solicitar ao arquiteto uma planilha ou um orçamento para a execução de uma obra. E, numa análise superficial, avaliar todas as técnicas da elaboração dos projetos com um único parâmetro: preço por metro quadrado.
O orçamento de uma obra é um dos mais importantes instrumentos de planejamento e controle para escritórios de engenharia, arquitetura, construtoras, incorporadoras e empreiteiras. No entanto, muitas vezes, essa é uma tarefa difícil para ser implantada, ou administrada, de forma eficaz no dia a dia das empresas.
É fundamental levar em conta informações como as premissas de quantificação, suas fontes, conceitos, composições de preços, as premissas de produtividade, custos indiretos e, ainda, qual a metodologia da logística da obra, quais as técnicas e seus custos previstos de movimentação horizontal e vertical dos materiais. Esses são apenas alguns exemplos que incidem no ‘preço por metro quadrado’.
Em edificações prediais temos notado que as informações de logística de obras representam de 10 a 15% daqueles índices, taxa de administração, ou BDI, varia de 15% a 25%, restando para as premissas arquitetônicas e técnicas entre 60 a 75%.
Com a utilização da tecnologia BIM tem sido possível uma racionalização das informações dos projetos, fornecendo não só as imagens tridimensionais dos objetos em questão, como suas dimensões e critérios com precisão que chega a 95% dos dados quantitativos.
Estas rotinas mudaram, por completo, os conceitos das informações quantitativas, pois relacionam dimensões, áreas, volumes e materiais em relatórios detalhados e organizados com elementos necessários para área de informação orçamentária e, também, de utilidade no desenvolvimento de uma obra.
Com a complementação das informações de sistemas informatizados de bases de dados de composições, curvas abc de serviços e insumos, histogramas de mão de obra e insumos e planilhas, tem-se a condição de obter uma análise mais acurada dos custos e isso significa economia.
Assim, o que no passado era qualificado como ‘planilha’ evoluiu e hoje temos as ‘informações orçamentárias’ com dados exatos e fundamentais. O conhecimento e custo da logística da obra (DI), o custo das obras segundo as premissas de projeto (CD), os valores incidentes da administração, lucro e impostos incidentes (BDI ou taxa de administração) são os parâmetros para qualificar os preços e, portanto, os projetos e metodologia construtiva de uma obra.
Com toda essa inovação, posso afirmar que estamos vivenciando uma profunda modificação positiva que exige, cada vez mais, qualificação dos profissionais da área, que de ‘planilheiros’ evoluíram para ‘orçamentistas’ e, atualmente, tem seu reconhecimento como ‘engenheiros de custos’.
E, com a interação da tecnologia BIM nas elaborações de projetos, a ‘arte de arquitetar’ é possível de ser avaliada não só por ‘preço por metro quadrado’, mas pelas informações orçamentárias advindas dos esforços de criatividade, engenharia e conhecimento.
Um novo conceito desta nova era. Você já está preparado?
*Pedro Badra é engenheiro civil e diretor da SBD (Sistemática Badra de Dados & Associados), empresa pioneira no uso do BIM